Tanaka Awards 2016

De todos os anos desde que nós, do Tanaka, começamos a acompanhar animes por temporada, 2016 foi possivelmente o melhor deles. Cheio de surpresas em todas as esferas, em todos os formatos, o ano trouxe não só bons animes, mas também um claro amadurecimento por parte da indústria. Então é bom que vocês vistam os seus melhores ternos, preparem um banquete -o post é grande, confiem-, e tenham certeza de que não pegaram os envelopes de premiação errados, porque esse é, finalmente, o Tanaka Awards 2016!

Esse ano foram 34 categorias discutidas com vocês, leitores, pela internet afora. Analisamos todos os comentários e os resultados dos formulários para, então, assistirmos aos animes mais recomendados. Depois desses passos, os vencedores foram escolhidos através de debates feitos entre a equipe do Tanaka. O que vocês veem abaixo foi o resultado de todo esse longuíssimo processo. Espero que gostem!

Ah! Antes, antes… também tem 3 categorias Bônus, além das 34 reveladas.

Mea culpa: como no ano passado, não conseguimos ver absolutamente tudo o que foi minimamente um destaque do ano. Mas com certeza vimos mais do que no ano passado. Em algumas temporadas, alguns membros chegaram a completar mais de 20 séries. Mas como nem todos os membros viram tanto, é bom lembrar que as escolhas são puramente baseadas nas que conseguimos assistir e ter argumentos o suficiente para sustentá-las. Esse é o nosso segundo Awards e já melhoramos bastante em relação ao primeiro, então só esperem progresso.

Regras: só estão englobados no Awards séries para a TV e para a internet que finalizaram em 2016 ou séries com mais de 50 episódios previstos que tiveram algum arco finalizado no mesmo ano. Filmes, OVAs, ou séries que começaram em 2016, vão ter menos de 50 episódios e não terminaram não estão inclusas. Nós sabemos que 3-gatsu no Lion merece muitos prêmios, mas o ano dele é o de 2017. No caso de aberturas e encerramentos, entram na disputa qualquer uma que tenha tido sua primeira transmissão em 2016.

Esclarecimentos sobre categorias: as categorias de melhor ação e melhor comédia dizem respeito aos animes que fazem as melhores ação e comédia e não sobre os melhores animes de ação e comédia. A categoria de melhor anime adaptado não é sobre o quesito adaptação e sim sobre a qualidade do anime por si, mas isso não quer dizer que não podemos considerar esse aspecto caso ele se destaque nele. O mesmo vale para melhor/pior continuação. A categoria melhor Tanaka diz respeito ao melhor personagem de nome Tanaka do ano. Nessa categoria pesam tanto as qualidades de construção e desenvolvimento de personagem quanto a qualidade dele como um “Tanaka”.

Sinceros agradecimentos por parte da equipe do Tanaka ao grupo do Genkidama no Facebook e a todos que lá comentaram e interagiram nas postagens. Também agradecendo ao Eugênio e ao Pedro que ajudaram a escrever e revisar. Ao Bonkoski que além de escrever fez todas as imagens dessa postagem. E ao Igor que está escrevendo na terceira pessoa como se fosse a equipe do Tanaka e que está escrevendo essa pequena introdução. E agradecendo novamente ao Felipe Eloi, mesmo não tendo feito nada esse ano, pelo desenho atemporal da estatueta! (visitem A página do Felipe Eloi)

AGORA SIM, AO PRÊMIO!

Melhor Abertura: “99” – MOB CHOIR (MOB PSYCHO 100)

Clique na imagem para assistir a abertura

Escrito por Igor Mendonça

E o Tanaka Awards 2016 não poderia começar com uma escolha mais óbvia ou mais merecida, já que a abertura de Mob Psycho 100 já é uma das aberturas mais icônicas dos últimos anos.

No pouquíssimo tempo de 1 minuto e 30 segundos, Mob Psycho consegue alguns feitos admiráveis. Para começar, a parte visual técnica de cada plano é impecável, sempre com uma movimentação cheia de frames e, ainda assim, com uma complexidade gigante nos detalhes. Com destaque para o primeiro movimento de câmera, que é veloz e passeia por uma cidade desenhada em neon, e não falha em nenhum momento com a consistência do desenho. Uma dezena de camadas de objetos em movimento pintam a tela em uma confusão harmônica, que caminha através de transições que usam e abusam de manipulação de forma, para deixar a fluidez da abertura quase imune a falhas. E para completar o primor técnico, o lettering se mescla à composição, criando uma organicidade em todo o conjunto, que se comunica ao espectador como uma peça única e muito bem montada.

E essa unidade não se dá só na técnica, porque a peça também tem seu valor semântico muito fechado, que comunica sobre a freneticidade dos sentimentos de Mob na puberdade. Não é por acaso que tudo é muito confuso e lúdico e que essa confusão só cresce ao longo da abertura, representando o emocional galopante e frágil do protagonista. Assim, ao fim dessa loucura toda, ainda voltamos ao plano inicial da abertura, mostrando que esse caminho de emoções é cíclico.

Mas enquanto vemos esse ciclo emocional, ainda temos dezenas de foreshadowings da série, passando por tudo da trama que gera conflito ou desperta algum sentimento no Mob e sempre vendo esses elementos através da visão do personagem. Com destaque para os símbolos que representam o quanto o pequeno Shigeo se sente pressionado e julgado em certas situações, como acontece no plano em que o Hanazawa aponta dedos ao garoto. E eu poderia falar por muitos parágrafos sobre toda a simbologia – que é até simples, mas ainda assim MUITO numerosa – da abertura, mas ficaria aqui escrevendo o dia todo.

Fato é que, em pouquíssimo tempo, a abertura de Mob Psycho 100 faz tudo o que uma abertura precisa, só que com um trabalho de direção e animação impecáveis e com uma quantidade de metáforas e foreshadowings muito além do comum, tudo conectado por uma unidade muito poderosa. E é por isso que leva o prêmio de melhor abertura de 2016!

Menções Honrosas

Melhor Conjunto de Aberturas (Bônus): JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond Is Unbreakable

Escrito por Leonardo Bonkoski

A quarta parte de JoJo’s Bizarre Adventure, intitulada “Diamond is Unbreakable”, começou apresentando uma mudança na estética. Toda a parte visual foi modernizada em comparação com as partes anteriores da série muito por conta da própria evolução natural que o traço do autor Hirohiko Araki sofreu ao longo dos anos de publicação. Foi um progresso natural do anime, além de também emular tendências comuns da época em que o anime se passa. Essa mudança acabou refletindo-se também nas aberturas do anime, que deixaram de lado o estilo em CG já característico das partes anteriores da série e passaram a utilizar o mesmo estilo usado no anime em si, criando um aspecto maior de unidade.

Quem acompanha JoJo’s Bizarre Adventure sabe o quão primoroso é o trabalho da David Production, o estúdio responsável pela série, no quesito aberturas. Desde a estreia do anime em 2012 sempre fomos contemplados com produções audiovisuais bem marcantes nas aberturas, sejam elas pelas sempre primorosas direções, pelos estilos visuais cheios de personalidade e pelas músicas que sempre se correlacionam harmonicamente com a estética e aspectos temáticos com as respectivas partes adaptadas.

A mudança visual em Diamond is Unbreakable trouxe consigo um grande desafio para a David Production, que era o de conseguir usar de maneira eficaz o novo estilo na produção de aberturas, de maneira que eles pudessem chegar ao mesmo nível de seus trabalhados anteriores. Era uma missão muito difícil, mas o estúdio nunca nos decepciona.

As aberturas da quarta parte de JoJo’s são um show à parte, principalmente quando analisamos o conjunto da obra como um todo. À primeira vista, “Crazy Noisy Bizarre Town” pode causar estranheza por ser simples demais, “chase” pode parecer deslocada pela mudança repentina de tom e “Great Days” pode soar como uma esquisita mistura de estilos. São percepções válidas se parar para pensar inicialmente, mas a partir do momento que você compreende a construção criada entre elas por conta da unidade temática, as aberturas passam a ganhar um status de genialidade e até superam algumas aberturas anteriores da série.

A construção é feita minuciosamente se utilizando de características marcantes vindouras das outras aberturas da série. O uso de foreshadowings transpostos através de elementos na composição visual continua exaltando muita criatividade por parte da direção, que ao mesmo tempo demonstra uma precisão exímia ao funcionar sem entregar spoilers a quem está vendo pela primeira vez e simultâneamente adicionando riquezas aos elementos os quais só são perceptíveis em futuras visitas às aberturas após o término na série. A narrativa é competente ao conduzir os elementos visuais de forma retilínea enquanto percorre pontos chaves da história, ao passo que constrói uma unidade temática sólida sobre justiça que cresce exponencialmente até o clímax em “Great Days”. E as músicas cumprem o papel de ilustrar a temática dos arcos os quais elas se passam enquanto fazem uma rima com o visual.

Tudo faz parte de um grande conjunto que podemos chamar de “Verão bizarro de 99”, como lembrado em “Great Days” (que acaba sendo a abertura que melhor representa a série como um todo). Uma grande celebração a esse tempo que ficou marcado na vida dos personagens o qual nós vivenciamos enquanto acompanhamos a série. E qual a melhor forma enaltecer ainda mais essa bizarra fantástica história de Diamond is Unbreakable? Com excelentes aberturas, em especial com a extraordinária “Great Days” (principalmente a versão “Bites the Dust“. Por tudo isso, JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond is Unbreakable merece um prêmio especial pelo conjunto de suas aberturas.

Melhor Encerramento: “Hatsunetsu” – tacica (Haikyuu!! Segunda Temporada)

Clique na imagem para assistir o encerramento

Escrito por Eduardo Eugênio

Em 2016, tivemos vários excelentes encerramentos, como os de Mob Psycho 100, 3-gatsu no Lion, Bungou Stray Dogs, dentre outros. Mas o que mais se destacou, ao meu ver, foi o segundo encerramento da segunda temporada de Haikyuu!!: “Hatsunetsu” pela banda Tacica (spoilers sobre a primeira temporada de Haikyuu!! a seguir).

O encerramento começa nos mostrando novamente os últimos momentos da partida contra Aoba Josai que ocorreu no final da primeira temporada. A bola caindo, o placar final, nossos protagonistas olhando chocados para as costas do Oikawa, cansado, que após uma dura partida, seguia em frente enquanto o torneio acabava ali para a Karasuno. O encerramento usa todos os seus elementos para passar perfeitamente o que os personagens estão sentindo no momento, na verdade, até após esse momento. É incrível como a estética consegue passar tanto da personalidade de cada personagem que aparece no encerramento com apenas um olhar.

Ainda falando da parte visual, pode parecer que o encerramento é em preto e branco apenas para lembrar o estilo do mangá, mas eu diria que é muito mais que isso. Além de reforçar o tom mais pesado do encerramento, a estética passa uma sensação de “tempo estagnado”, como se a ascensão da Karasuno tivesse parado desde a derrota contra a Aoba Josai e que, com a revanche, ela pudesse se iniciar novamente. E assim, o encerramento ganha cor no final.

A música em si dispensa comentários: é uma das melhores que Haikyuu já teve, tanto pensando em aberturas quanto em encerramentos. Mesmo assim, destaco a parte instrumental excelente (principalmente para construir o clima do começo da abertura), bem como a letra que reforça ainda mais os temas do conflito da Karasuno x Aoba Josai mostrado no encerramento.

Concordo que esse não é encerramento mais bem animado do ano (o de Mob seria o vencedor se fosse só esse o quesito considerado), mas ele faz um uso tão bom de todos os seus elementos, que te passa uma experiência única: sempre me dá um calafrio que parece representar a interidade de Haikyuu!!. Por conta disso eu considero “Hatsunetsu” o melhor encerramento dos animes de 2016.

Menções Honrosas

Melhor Husbando: Sakamoto (Sakamoto Desu Ga?)

Escrito por Leonardo Bonkoski

2016 foi um ano farto se tratando de husbandos. Marcado por um grande número de séries de qualidade em comparação ao ano antecessor, era inevitável que surgissem candidatos aptos a preencherem o posto mais alto de figura masculina que representa os mais intrínsecos desejos ardentes dos corações dos otakus pelo mundo.

Um ano em que fomos seduzidos pelo misterioso Alpha Omega Nova enquanto desbravávamos o espaço em Uchuu Patrol Luluco. Sedemos aos encantos das massagens do charlatão Arataka Reigen em Mob Psycho 100. Fomos carregados quando com sono a caminho da loja de doces pelo sempre parceiro Oota em Tanaka-kun Wa Itsumo Kedaruge. Nos surpreendemos com toda a imponência e coragem do pequeno gigante Koichi Hirose em JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond is Unbreakable. E, assim como Yuuri Katsuki, tivemos o nosso coração roubado pelo magnífico patinador russo Viktor Nikiforov em Yuri!! on Ice. Husbandos de destaque que por si só já seriam dignos dessa honraria de ser chamado como “o melhor”; mas, claro, isso se não existisse um certo personagem imbatível nessa categoria:

“-Na turma 1-2 do Colégio Municipal Gakuban, um aluno tomou a atenção de todos desde o primeiro dia. Ele é estiloso quando é encarregado da limpeza, é estiloso durante o almoço e é estiloso até de castigo no corredor. Tudo que ele faz é… Cool! Cooler! Coolest! Ele tem um visual estudantil totalmente cool… seu nome é…

-Eu? Eu sou o Sakamoto.”

Você não ouviu? Ele é o Sakamoto! O protagonista de Sakamoto Desu Ga, de quem um simples sorriso é mais que o suficiente para saciar a fome de qualquer um na fila do Mc Donalds. Aquele que uma simples foto é capaz de fornecer o melhor papel de parede possível para seu celular. O jovem enigmático que é capaz de fazer com que até mesmo um fantasma (ou sua mãe) se apaixone por ele. O indivíduo que é capaz de cavar do Japão até o Brasil só para tomar um café enquanto aproveita o Carnaval. Sério, eu poderia gastar horas dando infinitos argumentos sobre as qualidades do Sakamoto, mas para encerrar a discussão de uma vez eu irei resumi-lo da seguinte forma: Sakamoto é a representação máxima da perfeição e não dá para competir com o que é perfeito. Portanto, Sakamoto, de Sakamoto Desu Ga, é o melhor husbando de 2016.

Menções Honrosas

  • Alpha Omega Nova (Uchuu Patrol Luluco)
  • Arataka Reigen (Mob Psycho 100)
  • Koichi Hirose (JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond is Unbreakable)
  • Viktor Nikiforov (Yuri!! on Ice)
  • Oota (Tanaka-kun Wa Itsumo Kedaruge)

Melhor Waifu: Megumin (Kono Subarashii Sekai Shukufuku Wo!)

Escrito por Eduardo Eugênio

Se perguntarem para qualquer otaku na rua quem foi a melhor waifu de 2016, tem grandes chances que eles vão responder que foi a Rem de Re:Zero, mas eu não sou qualquer otaku na rua (até porque, eu não saio de casa).

Eu digo que a waifu do ano é aquela quem controla a mais poderosa das magias ofensivas, a loli maníaca por explosões que tem um apelido como nome de verdade e a garota que tem síndrome de chuunibyou em um mundo medieval: a Arc-Wizzard, Megumin de Kono Subarashii Sekai Ni Shukufuku Wo!.

O jeito arcaico de sua fala, seus gestos chuuni e seu amor por explosões fazem um ótimo contraponto com seus momentos de garotinha boba normal. Tem alguma coisa cativante em ver ela negar que os Crimson Demons vão ao banheiro enquanto ela está no banheiro ou quando ela cai imóvel no chão após apenas de uma explosão. Isso eleva os seus níveis moe exponencialmente, além de ela ter algumas das interações mais hilárias com o Kazuma em toda a série.

“MAS ELA É UMA LOLI! SEU LOLICON, A POLÍCIA VAI TE PRENDER!”. Mas é aí que você se engana…(pera um pouco, deixa eu checar aqui *Megumin…wiki…pesquisar…*) É, ela tem 14 anos, isso quer dizer que ela é 100% legal, então você também pode ter ela como sua waifu sem se preocupar com a polícia arrombando a porta da sua casa. Isso, claro, até você perceber que nada disso importa porque ela não é real e você ainda está sozinho.

Tenham um bom dia.

Menções Honrosas

  • Ochako Uraraka (Boku no Hero Academia)
  • Hotaru Shidare (Dagashi Kashi)
  • Mizuki Usami (Kono Bijutsubu Mondai Ga Aru)
  • Kiyoko Shimizu (Haikyuu Segunda e Terceira Temporadas)
  • Asuka Tanaka (Hibike! Euphonium)

Melhor Casal: Alpha Omega Nova x Luluco (Uchuu Patrol Luluco)

Escrito por Igor Mendonça

O que pode ser melhor do que um relacionamento adolescente brega e idealizado? Simples, um relacionamento entre-espécies adolescente idealizado, no espaço, com implicações metalinguísticas e que encontra o sentido da vida dentro de si. Eu sei, todos queriam ver Yuuri e Viktor como o melhor casal. E, de fato, eles são um dos excelentes. Ambos representam uma chama de desejo e inspiração para o outro, mudando a vida até de quem os cerca no processo de crescimento dos dois. Entretanto, Luluco e Nova são um casal especial.

Em primeira instância, essa dupla não parece passar de um romance adolescente padrão e até excessivamente clichê, mas em segunda instância, ele continua sendo a mesma coisa, só que é exatamente isso que o torna tão importante. Com esse amor fútil e imaturo que Luluco desenvolve por Nova, simplesmente por ele ser um cara estiloso, de atitude e boa aparência, a personagem consegue despertar em si toda a paixão e curiosidade que estava escondida dentro das suas inseguranças sobre conviver com outros indivíduos estranhos a cercando. E um efeito semelhante acontece no Nova, que até então também se privava de conexões profundas. Assim, o amor adolescente, para Luluco, não é só uma futilidade, é o início da maior mudança na vida dela.

Mas a série vai além, colocando esse mesmo amor adolescente não só como o início dessas conexões e de um primeiro sinal de amadurecimento, mas também como o sentimento que inspira um indivíduo a ir atrás de sua felicidade e individualidade, em uma busca eterna que vai até os confins do universos. O que até tem implicações metalinguísticas na trama da série, já que é através desse mesmo romance que ela comenta sobre o amor e a individualidade dos próprios produtores da série para com seu estilo estranho de fazer arte.

E é por ser um amor adolescente tão honesto e fútil mas, ainda assim, profundo, que Luluco e Nova formam um casal especial, um casal que merece cada bajulação que nós, do Tanaka, podemos dar. E o prêmio de melhor casal é só um pouquinho do reconhecimento que eles merecem.

Menções Honrosas

  • Yuuri Katsuki x Viktor Nikiforov (Yuri!! on Ice)
  • Majime Mitsuya x Kaguya Hayashi (Fune wo Amu)
  • Zen Wistalia Clarines x Shirayuki( Akagami no Shirayuki-hime)
  • Koichi Hirose x Yukako Yamagishi (JoJo’s Bizarre Adventure Part 4: Diamond is Unbreakable)
  • Shinra Kishitani x Celty Sturluson (Durarara!!x2 Ketsu)

Melhor Shipping: Ash Ketchum x Serena (Pokémon XY & Z)

Escrito por Leonardo Bonkoski

Em toda nova temporada do anime de Pokémon existe uma tradição que se perdura por parte do fandom da série que é o culto de shipps envolvendo o protagonista Ash Ketchum e alguma garota que o acompanha em sua jornada. Por conta do anime funcionar de forma cíclica ao longo de deus 20 anos de existência, sempre que um jogo novo da franquia é lançado temos uma espécie de “reboot” na jornada do jovem treinador e com isso somos apresentados a novos personagens que passam a acompanhá-lo em suas viagens.

Desde os primórdios do anime, quando a Misty fazia parte do time, os fãs de Pokémon sempre acreditaram que paralelamente a jornada de Ash almejando se tornar um mestre Pokémon haveria espaço para um romance na série. Apesar de não acontecer e nunca ser o foco do anime pois Pokémon nunca se propôs a trabalhar essas questões, com o passar das temporadas ainda novas garotas eram introduzidas e por conta disso a esperança dos fãs de romance sempre era renovada, enquanto ao mesmo tempo se criava uma rivalidade por parte de fãs das outras personagens do passado que as preferiam como par romântico de Ash, assim, dando início a uma guerra de shipps de Pokémon. Misty, May, Dawn e Iris, várias companheiras de viagem que passaram pela série alimentando os sonhos e teorias de fãs fervorosos e somente isso, nada mais que um fator extra de diversão para quem acompanhava o anime. Até que chegou a surpreendente temporada de XY (posteriormente XY & Z), a qual finalmente resolveu usar esse campo de shipp como uma ferramenta importante que agregasse ao anime.

Em Pokemon XY somos apresentados a Serena e logo de cara já sabemos que ela tem uma história no passado envolvendo o Ash quando ambos eram crianças, nutrindo um sentimento amoroso por ele desde então, sentimento que viria a ser batizado depois como “amourshipping” pelos fãs do casal. O amourshipping foi certamente um dos principais fatores que ajudaram XY a ser uma das melhores – quiçá a melhor – temporadas que Pokemon já teve até o momento. Claro que devido a sua extrema popularidade o shipp se tornou uma artimanha de fanservice para atrair audiência, gerando episódios voltados ao casal a ponto de em um deles no qual Ash supostamente dançaria com a Serena (o que ficou implícito que aconteceria mas não aconteceu) causar tanta decepção nos fãs que a roteirista teve que pedir desculpas em sua rede social. Mas o mérito e importância do shipp vem da forma positiva em que ele foi usado em prol dos personagens, mais especificamente da Serena, servindo de fio condutor para seu grande arco de autodescoberta e desenvolvimento na série, dando o start no objetivo da personagem e em momentos chaves sendo a base emocional para seu crescimento, fazendo-a evoluir de uma simples garota que só queria saber de encontrar seu amor de infância para uma garota madura consciente de seus sonhos e indo atrás desses. E por conta desse desenvolvimento a personagem passa a funcionar de maneira recíproca como base emocional em alguns momentos chave da jornada de Ash, justificando o que ela sentia, deixando de ser algo somente idealizado e, portanto, fortalecendo a relação entre os dois.

Eu não esperava ver Pokémon trabalhando os personagens e suas relações de uma maneira mais profunda, a série sempre foi muito básica e de certa forma bem rasa nessa parte. Mas a alternativa de englobar um ship como uma relação canônica amorosa que causou um sentido de progresso nos personagens e na história foi de grande valor nessa temporada. Imagino que isso tenha sido um dos fatores que fez o casal se tornar tão popular a ponto de pessoas só assistirem o anime por conta dele e ver se concluiria em algo, o que acabou acontecendo, já que a Serena foi responsável pelo primeiro beijo de Ash em toda série em uma cena carinhosamente dirigida e que certamente matou muitos fãs do coração, além de quebrar um tabu que durava há muitos anos.

Por botar um ponto final em uma guerra de vinte anos, por ser importante a fins narrativos, por ter uma força transpassante à barreira animista e por dar esperanças aos otakus – já que se até o Ash consegue um beijo qualquer um consegue -, Ash e Serena, ou melhor, Amourshipping, é o melhor shipping de 2016.

Menções Honrosas

  • Midoriya Izuku x Uraraka Ochako (Boku no Hero Academia)
  • Tanaka x Oota (Tanaka-kun Wa Itsumo Kedagure)
  • Kumiko Oumae x Reina Kousaka (Hikibe! Euphonium 2)
  • Naruto Uzumaki x Sasuke Uchiha (Naruto Shippuden)
  • Cocona x Paprika (Flip Flappers)

Pior Continuação: Berserk (2016)

Escrito por Igor Mendonça

De todas as falhas que cercam o novo anime de Berserk, sua qualificação como “continuação” é definitivamente a pior delas. Enquanto o anime segue direto do fim do Eclipse… não, digo… enquanto o anime dá sequência à história do filme… ou seria à história da série original? Bem, ignoremos essa parte. Enquanto Berserk (2016) dá sequência aos acontecimentos do Eclipse, ele resgata acontecimentos dos volumes anteriores à Era de Ouro e tenta mesclar com acontecimentos dos volumes posteriores. O que, em essência, não seria obrigatoriamente ruim, não fosse a própria série se perder completamente nessa mescla. O roteiro não sabe nem qual o ponto de vista do espectador, quando se trata de dar continuidade a algo, não sabendo se conta a história para uma audiência nova, ou para uma que veio da série antiga, ou talvez até para uma que veio do filme. E, por consequência disso, inclui flashbacks ininteligíveis de tudo o que veio antes e mais um pouco, não só não se comunicando com ninguém, mas também deixando a cronologia dessa nova série bagunçada e afetando a integridade da trama.

Por fim, Berserk (2016) acaba por dar sequência a algum anime anterior da franquia tanto quanto filmes genéricos de battle shounen se incluem dentro da cronologia das suas próprias histórias. Não para menos que merece o destaque como pior continuação do ano.

Menções Desonrosas

  • Dragon Ball Super
  • Yami Shibai 3
  • Kagewani: Shou
  • Concrete Revolutio: Choujin Gensou – THE LAST SONG
  • Terra Formars 2: Revenge

Maior Decepção: Berserk (2016)

Escrito por Igor Mendonça

Não é surpresa para ninguém que qualquer produto com o nome envolvendo a franquia de Berserk vá gerar muita expectativa. Pessoalmente falando (Igor, aqui, quem lhes escreve), Berserk não é só o meu mangá favorito, como também é uma das minhas tramas favoritas com meus dois personagens favoritos de toda a ficção. No Brasil (e no ocidente como um todo), para muita gente, a história criada por Miura também é uma favorita. E isso se aplica também para o Tanaka, onde todos amamos a série.

E mesmo sendo o sucesso comercial e de crítica que é, teve uma das adaptações mais desleixadas que podia ter. Com uma animação com cenas que dá de contar nos dedos quantos frames tem; uma direção de arte que assusta ainda mais do que o CG e a modelagem, com filtros demais, sombras demais, e cores ou demais ou de menos; e todo shot com muito pouca legibilidade, graças à péssima mão da direção.

Mas não foi só isso, porque mesmo a parte sonora, que contava com nomes excelentes e o Susumu Hirasawa (que transcende qualquer título que eu poderia dar), conseguiu ser uma agressão aos ouvidos. A sonoplastia alta e reverberante se mistura a músicas que tocam ininterruptas e em sequência como se cada episódio fosse uma grande colagem de AMVs, não respeitando qualquer curva dramática e aplicando mal até a música do Hirasawa.

E isso que nem cheguei na parte do enredo que consegue, por mágica, ser enrolado e apressado ao mesmo tempo. Mas acho que podemos parar por aqui, porque Berserk (2016) é, indubitavelmente, a maior decepção do ano.

Menções Desonrosas

  • Dimension W
  • Gyakuten Saiban: Sono “Shinjitsu”, Igi Ari!
  • Mayoiga
  • Koutetsujou no Kabaneri
  • Battery

Pior do ano: Dragon Ball Super

Escrito por Igor Mendonça

Ao mesmo tempo em que eu tenho plena certeza de que Dragon Ball Super é a pior ficção que já consumi em toda a minha vida, tenho a mesma certeza de que esse é o texto mais difícil de escrever e a justificativa mais difícil de dar. Porque, é bastante óbvio, Dragon Ball tem milhões de fãs fervorosíssimos, então só de você usar personagens que já carregam o peso que os de DB tem, você já tem certo valor em sua história. Só de você ter o Vegeta sendo o Vegeta, sendo que todos sabemos e gostamos da história e da caracterização do personagem – eu incluso -, você conquista público e valor narrativo para a obra.

Mas o problema talvez seja que, justamente, Dragon Ball Super queira se resumir ao que todos já amam, criando versões superficiais de todos os elementos da série e jogando todos os outros aspectos relevantes para um bom storytelling no lixo.

Em relação aos personagens, eles meio que se tornaram alguma única característica importante de si mesmos do passado. O Vegeta é o cara que quer superar o Goku. E é isso. Mas às vezes ele é o cara que virou um pai de família. E aí quando ele é o pai de família, ele deixa completamente de ser o cara que quer superar o Goku. O Goku, por outro lado, virou só o cara que gosta de lutas e é um idiota. E é isso. Só isso.

E tudo isso não seria nada ofensivo -como não foi em 2015-, se a trama não tomasse um rumo megalomaníaco e, ao mesmo tempo, “sério”. Na saga do torneio entre os universos gêmeos, por exemplo, a questão dos poderes é tão abstrata que qualquer coisa que acontecer parece válida. E nesse arco em específico, as lutas chegam a ser uma vergonha de tão mal animadas, planejadas e compostas.

Mas foi a partir do momento em que a trama começou a tentar ser séria que tudo começou a ficar realmente grotesco. A saga do Goku Black, que colocou DBS nessa posição, tem um vilão que tem motivações genéricas de vilões dark and edgy, mas no mundo de Dragon Ball, onde nenhum dos seus objetivos faz sentido. A ideia de “matar” os mortais é muito abstrata, porque a relação de DB com a morte é bastante desleixada. E a ideia de que os mortais foram um erro de Deus também é abstrata porque… que Deus é esse? Ele mesmo? O Gowasu? O Zeno? Os Anjos? O Kaioshins? O Enma Daioh? Nenhum desses parece se encaixar.

E além do vilão, toda a ideia da série ser mais dark não funciona em DBS, simplesmente porque ela tem uma direção que em momento ALGUM se deixa sentir sobre os acontecimentos. Então quando uma linha do tempo inteira é destruída, se comemora… se comemora! Inclusive com um banquete! O Trunks chora, mas por poucos segundos e por ter perdido os amigos – que os espectadores nem sabem quem são e que muito menos veem a relação desses com o Trunks direito -. Ele não chora porque trilhões de vidas se perderam ou porque, querendo ou não, o vilão ganhou.

Falta de sentimentos no storytelling de DBS chega a ser uma regra, já que todo conflito que a saga Black estabelece, a trama quebra sem mostrar esforço de qualquer uma das partes e na maioria absoluta das vezes sem nem mostrar o porquê de um obstáculo ter sido superado. Goku e Vegeta são mais fortes que o vilão, depois mais fracos, depois mais fortes e depois mais fracos de novo… porque sim. Transformações novas aparecem porque sim, sem NENHUMA base anterior. Explicações novas sobre elementos já estabelecidos no universo da série há anos mudam do nada só para o plot andar. E isso se repete à exaustão, dos elementos menores da série até o conflito central. Inclusive conflitos novos surgem do nada, e também sem base ou mesmo sem razão para tal, sem agregar nada a uma mensagem final da saga. Isso sem falar que a maioria dessas soluções e conflitos, além de não terem causa e não trazerem consigo nenhum sentimento, conseguem ser completamente sem sentido e uma escolha idiota. Como, por exemplo, o vilão verde gigante que vira uma repetição infinita de .JPEGs do próprio rosto.

Bem, parece que me estendi demais, mas em minha defesa: eu avisei. Falar mal de Dragon Ball não é fácil, mesmo sendo uma série tão controversa quanto essa. É uma franquia amada, que vai ter fãs independente de qualquer coisa, mas que, sejamos francos, fez muito feio em 2016, tentando ser pretensiosa e megalomaníaca mesmo com uma staff tão amadora e um método de produção que em nada incentiva a criatividade da equipe ou a integridade da arte. E é por isso que Dragon Ball Super, com as sagas do torneio e do Goku Black, leva o prêmio de pior anime de 2016.

Menções Desonrosas

  • Berserk (2016)
  • ENDRIDE
  • Mayoiga
  • Yami Shibai 3
  • Big Order

Melhor Trilha Sonora: JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond is Unbreakable

Escrito por Eduardo Eugênio

Poucas séries tem uma ligação tão forte com a música quanto Jojo’s Bizarre Adventure. Se você for completamente ignorante quanto a todo tipo de música talvez não tenha percebido as centenas de referências musicais, tanto que praticamente todo personagem e stand têm nomes que referenciam a alguma musica ou banda estrangeira. E a trilha sonora do anime, desde as partes anteriores, conseguiu viver às expectativas desse legado musical da série, porém, eu sinto que o compositor, Yuugo Kanno, se superou na quarta parte do anime.

Como de costume para Jojo, a trilha sonora é gigantesca, são quase 70 músicas. Praticamente todos os personagens tem seu tema próprio e com a boa e criativa direção do anime, isso ajuda a dar ainda mais identidade a esses já excêntricos personagens.

A trilha sonora também faz um ótimo trabalho em caracterizar a cidade de Morioh: as músicas de altíssima qualidade dão diversos tons a essa cidade bizarra, tanto de tensão de uma luta, quanto a calmaria do dia-a-dia, deixando o espectador sempre emergido nos acontecimentos da série.

Mantendo e talvez até superando a qualidade musical já excelente das séries anteriores e dessa vez sendo extremamente funcional e imersiva, a trilha sonora de Jojo’s Bizarre Adventure Part 4: Diamond Is Unbreakble é o ápice musical da série que não se prende em um só tom. Tivemos bons competidores este ano como o trabalho de Kana Shibue (em Shouwa Genroku Rakugo Shinju), Hiroyuki Sawano (em Kotetsujou no Kabaneri, Mobile Suit Gundam Unicorn RE:0096, Nanatsu no Taizai: Seisen no Shirushi), Daisuki Fujiwara (em Tonkatsu DJ Agetarou), dentre vários outros, mas a qualidade musical e o brilhante uso da trilha sonora na série elevou a Jojo’s Bizarre Adventure acima da competição neste ano e por isso merece o premio de melhor trilha sonora.

Menções Honrosas

  • Boku no Hero Academia
  • Koutetsujou No Kabaneri
  • Drifters
  • Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu
  • Yuri!!! on Ice
  • Tonkatsu DJ Agetarou

Melhor Character Design: Kiznaiver

Escrito por Igor Mendonça

Em méritos técnicos, o character design de Kiznaiver é um deleite. Cada personagem é desenhado com uma quantidade enorme de detalhes e nenhum desses detalhes é deixado de lado nos shots do anime. Cada adereço, cada detalhe na roupa, tudo é consistentemente desenhado. E mais, tudo é muito bem animado, contrariando a ideia que todos tinham de que, por ser uma série de character design complexo, os movimentos seriam minimalistas.

Mas não para por aí, porque além da complexidade técnica do design, a direção ainda faz questão de dar foco para cada detalhe de cada personagem e de usar tudo o que for possível nos seus designs para passar algum sentimento ou alguma informação para o espectador. Os olhos com certeza são o mais importante na aplicação semântica do design em cena, mas os gestos, as expressões e até esse aspecto mais angular do desenho são utilizados com maestria.

E também vale destacar que a roupa que cada um usa, principalmente fora da escola, sempre passa um pouco mais sobre as suas personalidades. E o costume design mantém o nível técnico sempre, com detalhes de textura, adereços e estampas em cada peça, o que é impressionante para uma série semanal.

Então mesmo que a última série da Trigger não tenha a melhor animação ou a melhor fotografia do ano, o character design consegue ser um salto aos olhos do espectador, quando se fala no visual da série. É um deleite único, que a direção consegue aproveitar em cada plano. E é por isso que ele leva o prêmio de melhor character design de 2016.

Menções Honrosas

  • Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu
  • Mob Psycho 100
  • JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond is Unbreakable
  • Hibike! Euphonium 2
  • Haikyuu!! Segunda e Terceira Temporadas
  • Koutetsujou No Kabaneri

Melhor Fotografia: Hibike! Euphonium 2

Escrito por Pedro Santos

É sempre curioso pensar no processo de fotografia em animação, especialmente em animação 2D. Criar uma sensação de tridimensionalidade em um frame não é fácil, ainda mais quando uma determinada obra almeja estética extremamente realista. E eu diria que os animes até que trabalharam isso de forma satisfatória ao longo de sua história: tendo sua introdução na TV, as séries animadas japoneses passaram a ter um número bem mais limitado de frames para a animação, o que levou a um maior desenvolvimento em outras áreas que envolvem o audiovisual, sendo uma dessas justamente o setor de fotografia. Mesmo com a introdução da tecnologia digital de hoje, a base de como o processo de fotografia é feito em animes é basicamente o mesmo de antigamente: a interrelação entre as camadas de um frame. E entre aquelas obras que buscam transmitir uma sensação realista através de sua estética, eu diria que Hibike! Euphonium é uma das que mais alcança o sucesso nesse sentido.

E fica difícil não elogiar a Kyoto Animation por todo o seu trabalho audiovisual em suas séries, em que muitos destacam a delicada e nuançada animação (de forma muito justa), mas não em mesmo nível o incrível trabalho com a fotografia, e Euphonium é o ápice do estúdio nesse aspecto. Tendo toda a sua produção in-house (ou seja, sem a necessidade de contratar freelancers, prática extremamente comum na indústria) e um schedule muito bem administrado, a staff tem a possibilidade de inserir os mais diversos detalhes na estética de Euphonium de maneira a passar uma sensação de um mundo real e, acima de tudo, vivo. A iluminação precisa, a paleta de cores naturalista e o inteligente storyboard (muitas vezes o maior responsável por transmitir a tridimensionalidade necessária a vários dos ambientes da série) trabalham harmoniosamente de maneira a retratar os diversos e únicos locais de Kyoto.

Portanto, é através dessa acumulação de pequenos detalhes na estética de Hibike! Euphonium (tanto a primeira e segunda temporada) que o faz conter um dos mundos mais reais e vivos dos animes, levando, assim, o primeiro prêmio de melhor fotografia do Tanaka Awards.

Menções Honrosas

  • Kiznaiver
  • Kanojo to Kanojo no Neko: Everything Flows
  • Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu
  • Flip Flappers
  • Tales of Zestria the X

Melhor Animação: Mob Psycho 100

Escrito por Pedro Santos

Há aproximadamente 3 anos atrás, estreava o mais novo anime do estúdio Bones: Space Dandy. Contando na direção com o experiente Shinichiro Watanabe e – na época – o novato Shingo Natsume, a série marcou por conter uma das melhores e mais criativas estéticas dos animes, especialmente no que tange ao processo de animação, visto a grande e variada presença de animadores talentosíssimos, seja pela presença de lendas da indústria (como Shinya Ohira) até a estreia dos novatos da leva chamada de web-gen animators. Em torno de dois anos depois após o término de Space Dandy, foi anunciado Mob Psycho 100, adaptação de uma mangá de mesmo nome com a direção do novato e promissor Yuzuru Tachikawa (que ganhou o prêmio de melhor diretor no Tanaka Awards de 2015) e com o character design e animation direction do também talentoso Yoshimichi Kameda (o qual já falei sobre aqui), não tinha como não haver um mínimo de expectativa sobre a qualidade audiovisual da série, que poderia ser tão boa quanto a qualidade de Space Dandy nesse aspecto. E o resultado não poderia ser melhor descrito a não ser pelas palavras do próprio Tachikawa: “Mob Psycho será como abrir uma divertida caixa cheia de surpresas”.

A série é consistentemente um deleite aos olhos. Não só pelas suas fantásticas cenas de ação, mas também por demonstrar um character acting único e extremamente expressivo – algo que o vencedor desta categoria no ano passado, One Punch Man, não tinha muito, por exemplo -, especialmente ao retratar os gestos e trejeitos do charlatão excêntrico que é Arataka Reigen. Na mesma entrevista das palavras proferidas acima por Tachikawa, ele também afirma que a adaptação poderia ser uma oportunidade de experimentar diversas coisas novas no campo visual. E, bem, ele não disse isso por mero detalhe: a série não só é experimental em sua estética num geral, mas principalmente em sua animação, ao alinhar um modelo de produção tradicional – sem a existência de 3DCG, por exemplo – com novas técnicas muito pouco vistas (talvez até nunca vistas) na indústria de animes como um todo, como a paint-on-glass animation, realizada pela novata e inventiva Miyo Sato. Destaco em especial o episódio 8, o qual possui uma das melhores aplicações do squash & stretch que já vi em animes.

E melhor de tudo isso é que toda esse carinho na forma realmente adiciona à execução da história: todos esses experimentalismos e exageros reforçam a temática da puberdade e representam toda a variação do pico de emoções dessa fase da vida, especialmente em alguém como o protagonista Kageyama Shigeo, também conhecido como Mob.

Enfim, é por tudo isso que Mob Psycho 100 leva o prêmio de melhor animação dos animes de 2016, como também apresenta uma das melhores animações já vistas para animes de TV.

Menções Honrosas

  • Tales of Zestria the X
  • Flip Flappers
  • Hibike! Euphonium 2
  • Haikyuu!! Segunda e Terceira Temporadas
  • Occultic;Nine

Melhor Abordagem Temática: Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu

Escrito por Pedro Santos

Algo que me chamou muito a atenção sobre Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, mas que também afastou outras pessoas, foi a sua abordagem sobre o estado de uma antiga e tradicional arte japonesa, o rakugo, em uma das eras mais intensas da história do Japão, a era shouwa. A partir disso, junto de seus personagens também inseridos nesse intenso contexto japonês, Rakugo Shinjuu levanta diversos temas referidos à sociedade japonesa e sua mentalidade, mas também elava-se a um espectro universal ao discutir temas inerentes à contraditória natureza do ser humano.

À um nível particular, a série levanta temas inerentes ao contexto pelo qual a sociedade japonesa passa. Como também retratado no ótimo Sakamichi no Apollon, no Japão pós Segunda Guerra Mundial, com a ocupação por parte dos americanos no período da Guerra Fria, diversos aspectos tradicionais japoneses foram contestados com a influência de novas perspectivas, entre estas, as novas artes que invadiram o território nipônico. E isso é um aspecto temático essencial da série: o rakugo como arte está deixando de ser relevante para o público, tornando-se apenas algo muito de nicho, o que poderia levar ao seu desaparecimento, ou seja, morte. A partir disso o anime levante constantes conflitos relacionados ao tradicional versus novo, desde sobre uma possível renovação de rakugo como forma de arte até em como homens e mulheres viverão a partir de um novo paradigma nesta nova sociedade.

Entretanto, é ao elevar-se a um caráter universal que a abordagem temática de Rakugo Shinjuu se torna extremamente competente. Após o estabelecimento de todo esse contexto, com o surgimento desses temas particulares e ao interligar esses com os personagens que o aspecto universal da narrativa é manifestado, sendo retratado através de uma forma cênica, poética e trágica (afinal, a forma teatral também tem um quê de universal). Nisso, em conclusão, penso que Rakugo Shinjuu realiza ponderações afirmando que, assim como a sociedade e a própria arte, nós, seres humanos, estamos em constante mudança e tendo que lidar com diversas contradições inatas à nossa natureza.

Dessa forma, é por saber trabalhar e relacionar tão bem esses temas em diferentes camadas que Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu leva a premiação de melhor abordagem temática dos animes de 2016.

Menções Honrosas

  • Uchuu Patrol Luluco
  • Fune wo Amu
  • Kanojo to Kanojo no Neko: Everything Flows
  • Kiznaiver
  • Mob Psycho 100

Melhor Short: Uchuu Patrol Luluco

Escrito por Igor Mendonça

É seguro dizer que Uchuu Patrol Luluco é muito mais do que um short deve ser. Ele é frenético, tem episódios com objetivos claros, tem poucos personagens relevantes e um desenvolvimento bastante simples, mas muito efetivo, para cada um deles.

Entretanto, a série eleva todos os esses elementos a um outro patamar: com episódios com objetivos claros, mas com cliffhangers bizarros que os episódios seguintes sempre conseguem resgatar com sucesso; com personagens secundários que, apesar de aparecerem pouco, ou são muito marcantes, ou têm um valor semântico e emocional gigante para a série (sim, estou falando dos pais da Luluco); com um desenvolvimento de personagem que além de efetivo, consegue ter multicamadas e ser metalinguístico; e com uma freneticidade que consegue fazer tudo isso que eu acabei de citar, te levar para o espaço, fazer um milhão de referências e ainda salvar o universo.

Ufa! Até cansei. Bem, dito tudo isso, acho que podemos perdoar a pequena barriga ao meio da série e premiar com gosto Uchuu Patrol Luluco como o melhor short de 2016!

Menções Honrosas

  • Kanojo to Kanojo no Neko: Everything Flows
  • Teekyuu Sétima e Oitava Temporadas
  • Oshiete! Galko-chan
  • Tonkatsu DJ Agetarou
  • To Be HERO

Proposta Mais Inusitada Em Short: Bananya

Escrito por Leonardo Bonkoski

O mundo dos animes shorts é certamente um grande campo de experimentação em propostas inusitadas. Devido ao formato um pouco menos descompromissado é comum vermos desde as ideias mais malucas possíveis surgindo quanto a conceitos simples que sequer imaginaríamos que poderiam resultar em alguma história.

Seja um grupo idol formado por estátuas, “peidos maravilhosos” que resolvem problemas, policiais encarregados de manter a ordem mundial no preparo de sushis, garotinhas que se transformam em monstros Kaiju inspirados em uma série de tokusatsu ou um fazedor de tonkatsu que concilia seu trabalho na cozinha com a prática de DJ, 2016 representou bem o crème de la crème das bizarrices temáticas que poderíamos esperar vindas do Japão. Mas é claro que mesmo em um antro repleto de esquisitices alguma particular acabaria se destacando por ser ainda mais inusitada que todas as outras e, no caso, estamos falando de Bananya.

Por ser um anime voltado ao público infantil, é esperado que a proposta possa ser absurda de inusitada, um bom exemplo ocidental disso é “Jay Jay, o Jatinho” que é nada mais menos que um avião com um rosto. Ou até mesmo “Thomas e Seus Amigos” que é um desenho sobre trens que falam e convivem com humanos. Esses exemplos parecem diminuir o quão inusitado Bananya é, e de fato pode gerar um questionamento, mas os exemplos citados parecem ao menos “funcionais” em sua teoria. Pense comigo, trens e aviões com vida são muito mais “plausíveis” pensando em sentido de questões narrativas em uma história infantil do que simplesmente colocar um gato dentro de uma banana o qual mal pode se movimentar por conta de sua limitação anatômica. É isso que faz Bananya ser inusitado. Um anime que consegue construir situações de diversão sendo que toda a agilidade dos felinos é incapacitada por conta deles viverem dentro de bananas, lhes permitindo movimentar-se somente pulando. Imagine gatos-bananas fazendo coisas de gatos normais mas eles são ao mesmo tempo… bananas. É tipo um “Bananas de Pijamas” andando de pogobol só que com mais pelos e mais trocadilhos envolvendo a palavra “nya”. E se não bastasse a premissa básica de animais-frutas, o anime ainda adiciona camadas a seus conceitos como no caso dos gatos-bananas possuírem características culturais das regiões de onde vieram, como por exemplo o “Namaste Bananya” que é nada menos que um gato-banana indiano que faz curry. Não só isso, os gatos-banana possuem sonhos, como o caso do Bananya principal, que possui o sonho de se tornar uma deliciosa banana com cobertura de chocolate. É simplesmente genial!

Por desafiar a física, por criar um simbionte de gato com fruta, por trazer uma representação indiana melhor que a novela “Caminho das Índias” e por nos ensinar a não desistir de nossos sonhos mesmo que ele seja se tornar um doce, Bananya é o anime short com a proposta mais inusitada de 2016.

Menções Honrosas

  • Onara Gorou
  • Tonkatsu DJ Agetarou
  • Kaiju Girls
  • Sekkou Boys
  • Sushi Police

Proposta Mais Inusitada Em Transmissão Padrão: KEIJO!!!!!!!!

Escrito por Eduardo Eugênio

Como alguns devem saber, em 2006 foi lançado o jogo Dead or Alive Xtreme 2, um spin-off da franquia de jogos de luta Dead or Alive. Nesse jogo, dentre vários outros, havia um infame minigame chamado “Butt Battle”, onde duas personagens competiam em uma pequena plataforma, usando apenas as suas bundas para tentar derrubar umas às outras.

Em 2013, um mangaka chamado Daichi Sorayomi decidiu expandir essa ideia e transformar ela em um mangá e, por alguma ironia do destino, o seu editor aprovou essa ideia e por ainda outra ironia do destino os superiores da Weakly Shounen Sunday decidiram que iriam publicar esse mangá em sua revista. E assim surgiu Keijo!!!!!!!!.
Mas a história não para por aí, afinal, isso é uma premiação para animes. Alguém no estúdio Xebec olhou pra Keijo!!!!!!!! e disse: “Nossa, isso vai dar um ótimo anime!”. E por uma terceira ironia do destino, ele conseguiu a aprovação para produzir tal anime de Keijo!!!!!!!!.

E, assim, Keijo!!!!!!!! chega a esta premiação. Mas o que faz Keijo!!!!!!!!! ter esse destaque todo? Se bizarrices muitas vezes mais estranhas do que essas são comuns em animes? Bom, talvez se Keijo!!!!!!!!! fosse apenas uma cópia do conceito original de Dead or Alive Xtreme 2 ele não estaria nesta premiação, mas Keijo!!!!!!!!! vai além: o anime é basicamente um shounen de porrada no estilo mais clássico possível, com técnicas especiais, personagens exagerados, etc., e ainda se leva extremamente a sério, mas sempre autoconsciente de sua premissa bizarra, dando um charme único para obra. Escolhemos Keijo!!!!!!!!! para proposta mais inusitada em transmissão padrão porque é a maior definição de “algo tão louco que pode dar certo” que vimos ano passado.

Menções Honrosas

  • Tanaka-kun Wa Itsumo Kedaruge
  • Bakuon!!
  • Dagashi Kashi

Melhor Ação: Mob Psycho 100

Escrito por Igor Mendonça

Quando se trata de cenas de ação, Mob Psycho 100 acerta em tudo: é cru, impactante -visual e narrativamente- e fluido. Cada golpe é mostrado em toda a sua extensão, sempre tendo um efeito claro no adversário. Sangue e suor se misturam e voam por cada frame, enquanto expressões de dor e deformações se formam no rosto e no corpo dos personagens. E a animação só ajuda, usando de muito squash and stretch, com impact frames muito bem desenhados, diversos tipos de movimento de câmera (algo muito difícil de se fazer com animação tradicional), shots bem expressivos -na composição como um todo, não só nos personagens que lutam- e com a inércia perfeita para aumentar ainda mais o impacto, mesmo quando o corte dura um mísero segundo.

E cada cena de ação tem, na história, um impacto ainda maior do que tem no visual. Até porque o nosso protagonista, Mob, se esforça mais em se segurar e evitar lutar do que em vencer os adversários. Sendo assim, quando ele entra em batalha, você sente o peso que ele carrega nas costas por fazer aquilo. E somando esse elemento à forma como a direção do anime conduz a ação, as lutas em Mob soam como cruéis, exatamente como devem ser, dada a mensagem que a obra passa.

Então não é por falta de mérito que Mob Psycho 100 tem a melhor ação dos animes do ano de 2016 – e talvez até da década.

Menções Honrosas

  • Flip Flappers
  • Jojo Bizarre’s Adventure Part 4: Diamond Is Unbreakble
  • Tales of Zestiria the X
  • Gundam: Iron Blooded Orphans
  • Pokémon XY & Z

Melhor Comédia: Kono Subarashii Sekai Ni Shukufuku Wo!

Escrito por Leonardo Bonkoski

Com uma proposta clichê para um anime nos dias de hoje, Kono Subarashii Sekai Ni Shukufuku wo! precisava mostrar personalidade de alguma forma para conseguir sobressair-se perante outras séries com temas semelhantes e com mais apelo. A forma encontrada e que fez com que o anime se destacasse a ponto de ser um dos melhores de 2016 foi no inteligente uso de sua comédia.

Utilizando-se de um forte teor satírico a uma amálgama de clichês de seu subgênero, o anime constrói uma forte relação de causa e consequência em seus elementos, principalmente se tratando do humor. Praticamente quase todas as piadas do anime tem uma função e fazem parte da construção de situações que levam a outras situações e assim sucessivamente. Até mesmo os personagens que de início possam parecer reféns de suas piadas próprias acabam se mostrando importantes peças funcionais e fundamentais dentro das conexões situacionais criadas e reforçadas pela sutileza do humor trabalhado no excelente roteiro. E mesmo com a constante subversão de clichês de seu subgênero, KonoSuba (resumidamente como a série é conhecida) se mostra muito inteligente ao usar o humor também de forma a brincar com a expectativa do espectador, muito por conta da riqueza da naturalidade de seus personagens os quais se mostram muito mais orgânicos do que simples ferramentas de piadas pré-estabelecidas com base em suas personalidades, usando-os de maneira criativa em toda essa sucessão de situações.

Por ser uma sátira hilária ao sub-gênero de um hikikomori em um mundo de fantasia (também conhecido como “isekai”) e pela ótima execução da comédia de causa e consequência, Kono Subarashii Sekai Ni Shukufuku Wo! é a melhor comédia de 2016.

Menções Honrosas

  • Uchuu Patrol Luluco
  • Mob Psycho 100
  • JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond Is Unbreakable
  • Tanaka-kun Qa Itsumo Kedaruge
  • Sakamoto Desu Ga?

Melhor Continuação: Haikyuu!! Segunda e Terceira Temporadas

Escrito por Pedro Santos

Desde sua primeira temporada, Haikyuu!! sempre foi uma série que me cativou muito, seja por seus energéticos e carismáticos personagens até a sua excepcional execução. Entretanto, por mais que isto nunca tenha afetado tanto a qualidade da primeira temporada, algo que me incomodava um pouco era a falta de temas e o desenvolvimento desses. Felizmente, em sua segunda e especialmente terceira temporada, Haikyuu!! não só manteve sua fantástica execução e valores de produção, como também passou a trabalhar de maneira mais clara o que eu acredito ser o principal tema da série: habilidade individual versus habilidade coletiva.

Isso decorre da ótima construção que foi a segunda temporada como um todo: desde longos e graduais arcos de personagem, como o do Tsukishima, até foreshadowings sobre os jogadores da Shiratorizawa e o início dessa dinâmica temática na excelente revanche entre Karasuno e Aoba Josai. Assim, a terceira temporada se mostrou o pay-off de tudo isso, bem como sendo o pico de toda a série, desde a nível de conteúdo até a nível de forma e de valores de produção. Conflitos que foram gradualmente desenvolvidos têm suas conclusões (com claro destaque ao Tsukishima, se tornando um dos melhores personagens de Haikyuu!! -se não o melhor-), o que leva a uma dinâmica a qual em alguns momentos chega a até parecer uma discussão travada entre os técnicos através das jogadas de seus respectivos times, revelando, assim, um trabalho muito consistente na abordagem de seu principal tema citado acima. Dessa maneira, tal temporada chega a uma conclusão dessa discussão temática ao mesmo tempo convincente, emocionante e simbólica, sendo transmitida através de uma das cenas mais ambiciosas e bem sucedidas visualmente do ano de 2016.

Enfim, a segunda e terceira temporadas de Haikyuu!! não só foram, de longe, a melhor continuação dos animes do ano passado, como também configuram entre os melhores animes de 2016 e, como bem disse o Eugênio no texto sobre os 10 melhores do ano, um dos melhores animes de esporte já produzidos.

Menções Honrosas

  • Akagami no Shirayuki-hime Segunda Temporada
  • Natsume Yuujinchou Go
  • Hibike! Euphonium 2
  • Pokémon XY & Z
  • Ansatsu Kyoushitsu Segunda Temporada

Melhor Vilão/Antagonista (Bônus): Yoshikage Kira (JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond is Unbreakable)

Escrito por Igor Mendonça

No mundo de extravagância de JoJo’s Bizarre Adventure, Yoshikage Kira é tudo o que se espera e tudo o que não se espera de um personagem da franquia, principalmente se tratando de um vilão.

Em mérito de “vilania”, ele com certeza cumpre todos os requisitos: é mau de nascença, é um assassino em série frio, é egoísta e tem a impressão de que tudo ocorre para ele e por ele. Até mandar alguns minions com poderes bizarros para episódios sem propósito ele manda, como um bom vilão de Jojo deve fazer.

Mas o que realmente chama a atenção e surpreende no personagem é a sua construção. Ele, de certa forma, é uma oposição tanto a vilões anteriores, mais extravagantes, quanto aos protagonistas da parte 4. Ele é um personagem solitário, com um poder que representa toda a intensidade de seu desejo, mas que é silencioso e sorrateiro. A série faz até questão de esclarecer que o personagem é uma “pessoa de gatos”. Gatos planta bizarros, mas gatos.

Absolutamente todos os elementos que constroem sua persona reforçam e adicionam ao personagem, que mesmo não precisando de justificativas para seus atos vilanescos, consegue ganhar camadas: o seu gato, por exemplo, reflete bem sua personalidade calma e quieta; o lado planta do gato mostra como Kira cria raízes (desculpa, não podia perder essa) em seu novo lar, deixando de ser simplesmente um lobo solitário e dando continuidade a uma vida comum, exatamente como sempre desejou; a jornada de autodescoberta do vilão sobre seus poderes mostra como ele, dentro de seu mundinho solitário, se sente superior a terceiros e favorecido pelo destino; e, por fim mas não menos importante, a série se esforça bastante para mostrar que, de fato, por mais excêntrico e violento que o personagem seja, seu desejo de viver uma vida calma, organizada e comum é muito honesto. Desejo esse que, ironicamente, ele parcialmente realiza tendo a morte bizarra mais comum possível.

E é por conseguir ser um personagem tridimensional, coerente, coeso e carismático mesmo sendo um serial killer sociopata e irredimível, que Yoshikage Kira merece todas as congratulações pela sua vilania.

Menções Honrosas

  • Shigaraki Tomura (Boku no Hero Academia)
  • Satou (Ajin Primeira e Segunda Temporadas)
  • Hanazawa Teru (Mob Psycho 100)
  • Petelgeuse Romanee-Conti (Re:Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu)

Melhor Coadjuvante Masculino: Arakata Reigen (Mob Psycho 100)

Escrito por Igor Mendonça

Arakata Reigen é o arquétipo do “bom ladrão” com o qual todos estão acostumados, mas com algumas particularidades.

Quando se trata de charlatanismo, Reigen é o melhor. É um bom argumentador, que sabe insistir sem perder a confiança, que está preparado para resolver adversidades nem que seja com uma porrada surpresa e que é inexplicavelmente carismático. E dentro da construção de seu personagem, aspectos visuais de Mob Psycho 100 ajudam muito com essas características, reforçando seu carisma em seu gestuário.

Mas, é claro, um malandro carismático e simpático nem sempre tem que agir com malícia, e o Reigen cai nessa exceção (que praticamente já virou a regra). Mesmo enganando as pessoas ao seu redor, ele tem uma profunda conexão com o Mob, ele ajuda os garotos que são parte dos personagens centrais a encontrar soluções para seus problemas, e até busca ensinar os outros a fazer o bem, a deixarem de lado comportamentos egoístas e perigosos.

Só que, novamente, o Reigen não é só um “bom ladrão”, ele é um ladrão bom. Enquanto ele engana um cliente com uma conversa sobre espíritos que pesam o ombro, ele também ajuda o cliente a superar esse estresse através de técnicas de massagem que ele se esforçou muito para aprender. Enquanto finge – mesmo sem querer – ser forte e importante, ele usa dessa condição que os adversários aceitaram para parar com os atos de violência, tirar as pessoas do crime e até a pararem de buscar uma solução fácil para a vida e irem trabalhar. É como se ao invés de roubar dos ricos para dar aos pobres, ele roubasse dos ricos para dar em dobro aos ricos e roubasse dos pobres para dar em dobro aos pobres e ainda fizesse os ricos equilibrarem a renda média da população, tudo na lábia.

E só por ser esse personagem que é moral e eticamente incorruptível (e muito maduro) através da corrupção, que o Reigen merece o prêmio de melhor coadjuvante masculino de 2016. E o ONE merece os parabéns por criar uma persona que parece tão contraditória, mas que, além de não ser contraditória, ainda é funcional e abismalmente carismática.

Menções Honrosas

  • Over Justice (Uchuu Patrol Luluco)
  • Tsukishima Kei (Haikyuu!! Segunda e Terceira Temporadas)
  • Sukeroku Yuurakutei (Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu)
  • All-Might (Boku no Hero Academia)
  • Yoshikage Kira (JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond is Unbreakable)

Melhor Coadjuvante Feminino: Asuka Tanaka (Hibike! Euphonium 2)

Escrito por Pedro Santos

A personagem da Asuka Tanaka sempre foi uma incógnita não só para os personagens de Hibike! Euphonium, como também para os espectadores da série. Isso porque a primeira temporada estabeleceu de forma excelente sua personalidade multifacetada através de pequenos momentos e nuances, mesmo ela não sendo o foco da temporada propriamente dita. No final das contas, tratava-se de uma pessoa misteriosa e difícil de perceber suas verdadeiras intenções, justamente por apresentar todas essa variadas máscaras. Assim, mesmo que eu tenha achado a segunda temporada de Hibike! Euphonium mais fraca do que a primeira como um todo, aquela, ao abordar todos os pormenores da personalidade da Asuka, concebeu à série vários dos melhores momentos não só dentro do anime, como também do ano.

O que ao meu ver tornou todo o arco de personagem da Asuka fascinante nessa segunda temporada foi em como estabeleceram de forma sólida um paralelo entre aquela e a nossa protagonista, Kumiko Oumae – algo que não foi tão bem feito no arco da Mizore Yoroizuka por exemplo, no começo da temporada. Claro, isso já estava com parte do caminho andado por conta da primeira temporada, mas foi a execução dos conflitos das duas personagens na temporada posterior que fez a relação entre as duas parecer tão palpável, sensível e, acima de tudo, humana. Ambas possuíam personalidades -até certa medida- semelhantes, tocam o mesmo instrumento (tal qual reflete as personalidades das duas, como é fantasticamente bem pontuado no episódio final da série), têm de enfrentar pressões familiares e, o mais importante, a irmã da Kumiko reflete muitíssimo bem algo que a Asuka poderia se tornar no futuro, o que solidifica de maneira clara o paralelo entre as duas e, logo, uma coesão temática para a temporada. Destaco em especial os episódios 9 e 10, os quais representam todo o climáx da relação de ambas e da personagem da Asuka, construídas desde a primeira temporada, que, com a execução nada menos do que fantástica por parte da equipe da Kyoto Animation, entregam os momentos mais tensos, agridoces e emocionantes de 2016.

Dessa maneira, mesmo com alguns problemas em seu início, a segunda temporada de Hibike! Euphonium não poderia terminar de maneira melhor ao ir à fundo na personagem da Asuka Tanaka, conferindo ao título da série (algo como “Ressoe! Euphonium”) e a esta como um todo um significado bem mais poético e comovente. É por tudo isso que a Asuka Tanaka leva o prêmio de melhor coadjuvante feminino do animes de 2016 e, pessoalmente, ser minha personagem feminina de Hibike! Euphonium e do ano.

Menções Honrosas

  • Aqua (Kono Subarashii Sekai Ni Shukufuku Wo!
  • Hayashi Kaguya (Fune wo Amu)
  • Miyokichi (Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu)
  • Honoka Maki (Kiznaiver)
  • Hikari Kohinata (Amanchu!)

Melhor Protagonista Feminino: Kumiko Oumae (Hibike! Euphonium 2)

Escrito por Eduardo Eugênio

A segunda temporada de Hibike Euphonium! trouxe muitas mudanças para a orquestra escolar do colégio Kitauji, e a maior dessas mudanças foi da nossa protagonista, Kumiko Oumae.

Na primeira temporada, vemos a chama da Kumiko ascendendo e ela começando a almejar o aprimoramento e a vitória. Já na segunda temporada, além de expandir no que já tinha sido explorado na Kumiko, começamos a ver o lado emocional dela.

Os conflitos com sua irmã e colegas de banda são dramas bem executados que dão uma camada mais emocional para a série e, assim, vemos a Kumiko se tornar independente e a se abrir cada vez mais.

Em uma série como Hibike Euphonium!, que possui algumas das interações mais realistas nos animes, eu realmente acredito que a Kumiko seja o coração disso tudo. Ver todos esses lados e sentimentos novos dela surgindo na segunda temporada foi uma experiência incrível, e o anime passa muito bem todas essas mudanças que acontecem na vida dela: todo o seu crescimento, todas as suas reações e nuances. Fica evidente a paixão que a Kyoto Animation tem por esses personagens.

Portanto, em Hibike Euphonium!, nós experienciamos o mundo da Kumiko e observar esse mundo mudar ao longo da história foi uma das coisas mais sensacionais que vi em um bom tempo em animes. Claro, tudo graças juntamente à Kumiko Oumae, que é uma das melhores protagonistas que um anime poderia ter e certamente a melhor protagonista feminina de 2016.

Menções Honrosas

  • Shirayuki (Akagami No Shirayukihime! Segunda Temporada)
  • Luluco (Uchuu Patrol Luluco)
  • Galko (Oshiete! Galko-chan)
  • Futaba Ooki (Amanchu!)
  • Chitose Karasuma (Gi(a)rlish Number)

Melhor Protagonista Masculino: Yakumo Yuurakutei (Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu)

Escrito por Pedro Santos

Histórias que retratam várias fases da vida de um personagem têm, para mim, algo de especial que não consigo explicar muito bem. Talvez porque elas expõem o personagem de tal maneira que passamos a ficar bem mais íntimos dele, a ponto de conhecermos sua trajetória de vida e como ela moldou sua personalidade. O recente e excelente Moonlight, por exemplo, faz exatamente isso: ao expor a infância e adolescência de Chiron, compreendemos por que e como ele se tornou o adulto que presenciamos no terceiro ato do filme. A vida de Kikuhiko (aqui, chamarei-o por esse nome), protagonista de Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, é retratado de uma maneira semelhante. Porém, a diferença consiste no fato do espectador ter ciência sob a condição do personagem no tempo presente logo no começo, o que causa uma certa dúvida e curiosidade em relação a sua pessoa, e, assim, fazendo com que nós nos interessássemos ainda mais pelo seu passado.

Após esse estabelecimento inicial, a série o trabalha de uma maneira a funcionar de forma fantástica tanto a nível de personagem como a nível temático.

Isso porque, quanto ao primeiro nível, vemos o crescimento de Kikuhiko todos os seus aspectos, contando com uma execução extremamente sólida. Seus trejeitos, nuances de personalidades e ideologias culminam em um longo e trágico arco de personagem, perpassando por conflitos de identidade e de busca por um propósito e pela melhor maneira de viver. A série o retrata como uma pessoa cheia de falhas, bem como sua relação com outros personagens, mas ao mesmo tempo esses aspectos soam extremamente críveis e naturais, por conta de diálogos muito bem escritos e de uma direção inteligente que soube conduzir o tom do anime de maneira a tornar os personagens, especialmente o Kikuhiko, convincentes. É, no final das contas, um personagem humano, e isso por si só já conta muito.

Porém, como eu ressaltei anteriormente, o que o faz funcionar fantasticamente bem é a junção desse aspecto humano junto à sua relevância temática, o que nos leva ao segundo nível, o temático. O Kikuhiko, acima de tudo, tem um paralelo claro com a arte retratada na série, o rakugo: não só por ser um rakugoka (aquele que prática a arte do rakugo), mas por ele também representar o rakugo na era shouwa, era em que há um constante embate entre o tradicional e o novo, correlacionando, assim, seus estados de espírito de maneira indireta. Não à toa, no presente, vemos como ele carrega o fardo de representar sozinho o rakugo como uma forma de arte relevante, e tudo isso passa a ter ainda mais peso temático quando vemos a relação de Kikuhiko com o rakugo crescer gradualmente ao longo de seu flashback. E é a partir disso que o Kikuhiko obtém um status essencial para a mensagem da série, já que tudo que ocorre com ele, também ocorre com o rakugo como um todo.

Dessa maneira, fica difícil não premiar Kikuhiko (ou Yakumo Yuurakutei, nome o qual adota posteriormente) como o melhor protagonista masculino de 2016. E tenho cada vez mais convicção do quão justo é esse prêmio quando observo o personagem na atual e excelente segunda temporada da série.

Menções Honrosas

  • Shouyou Hinata (Haikyuu!! Segunda e Terceira Temporadas)
  • Satoru Fujinuma (Boku Dake ga Inai Machi)
  • Shigeo Kageyama (Mob Psycho 100)
  • Yuuri Katsuki (Yuri!!! on Ice)
  • Majime Mitsuya (Fune wo Amu)

Personagem Mais Notório: Natsuki Subaru (Re:Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu)

Escrito por Igor Mendonça

É simplesmente indiscutível que o Subaru tenha sido o personagem mais comentado de 2016. Sendo um otaku hikikomori que vai parar em um mundo de fantasia sem nenhum poder, mas que se vira sendo um pouco treinado fisicamente e, na verdade, super sociável, ele caiu nos gracejos do público.

Quando o Subaru quebrava, o público sentia, quando ele salvava o dia, o público o venerava. E de tudo o que ocorria em Re:Zero, aos olhos de seus espectadores, o que mais importava era o que mais seria impactante para o Subaru.

O personagem também inspirou muitos debates, principalmente por causa da sua moral incorruptível e do tratamento que a série deu a isso.

Para o público no geral, o Subaru não foi só o personagem mais notório, como também foi o que 2016 mais deixou para lembrarmos.

Menções Honrosas

  • Arataka Reigen (Mob Psycho 100)
  • Viktor Nikiforov (Yuri!! on Ice)
  • Yuuri Katsuki (Yuri!! on Ice)
  • Rem (Re:Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu)
  • Kayo Hinazuki (Boku dake ga Inai Machi)

Melhor Anime Ignorado (Bônus): Fune wo Amu

Escrito por Pedro Santos

Praticamente em todos os anos, sempre há aqueles animes que são considerados “pérolas perdidas”, que mesmo recebendo elogios daqueles que assistiram, não conquistam uma notoriedade significativa entre a comunidade. Em 2016, tivemos algumas séries que se enquadram nessa categoria, sendo a de mais destaque Fune wo Amu (ou The Great Passage), não só por realmente ser muito bom, mas, principalmente, por talvez ter sido o mais ignorado.

É provável que o principal motivo por trás dessa inicial rejeição seja a sua premissa: o processo de produção de um dicionário. Mas, acredite, é um anime que vai muito além disso, como eu já disse no texto sobre os 10 melhores animes de 2016. Isso porque a série soube muito bem interligar seu foco character-driven com os temas abordados, basicamente demonstrando o natural crescimento de seus personagens e suas relações (especialmente as do protagonista Mitsuya Majime e as do coadjuvante Masashi Nishioka) através do elemento central da série, metaforizada pelo dicionário: a linguagem, e como ela nos conecta; o que resulta em uma das mensagens mais excêntricas – mas ao mesmo tempo valiosas- do ano. Assim, sendo uma obra que trata essencialmente sobre comunicação, a equipe de Fune wo Amu, trabalhando em uma mídia audiovisual, soube muito bem comunicar diversos desses elementos visualmente: a sólida direção emprega enquadramentos que destacam a surpreendente e meticulosa animação de seus personagens, dando vida e nuances que revelam de forma orgânica diferentes aspectos de suas personalidades.

Mesmo que nesta mesma categoria haja coisas como Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, série a qual acho um pouco mais competente do que Fune wo Amu, ela ao menos foi ganhando bem mais reconhecimento com o passar do tempo. Portanto, é por tudo isso que Fune wo Amu é a “pérola perdida” dos animes do ano passado, ou melhor dizendo, o melhor anime ignorado de 2016. Espero que esse pequeno destaque possa fazer com que essa obra ganhe mais chances de cativar a outros como me cativou.

Menções Honrosas

  • Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu
  • Tanaka-kun Wa Itsumo Kedaruge
  • Amanchu!
  • Kanojo to Kanojo no Neko: Everything Flows

Melhor Tanaka: Tanaka (Tanaka-kun Wa Itsumo Kedaruge)

Escrito por Leonardo Bonkoski

Tanaka é um dos nomes mais comuns do Japão, é equivalente a, por exemplo, João aqui no Brasil. Por conta disso, é extremamente comum termos em todos os anos alguns personagens que carregam esse nome. Levando em conta o nome do nosso site, achamos que seria uma escolha digna eleger o Tanaka que mais se destacou nos animes em 2016. A escolha obviamente não segue a lógica de decidir o melhor personagem no sentido técnico com base em suas obras, mas sim sendo uma escolha mais arbitrária com base em alguns princípios metafóricos que empregamos na representação que carrega o nome Tanaka em si.

Seguindo nesse sentido, o Tanaka de Tanaka-Kun é a melhor escolha de 2016 para a categoria de melhor Tanaka, justamente pelo personagem ser uma representação literal do espírito de ser “qualquer um” na sociedade, de ser um coadjuvante na vida e estar bem com isso enquanto busca paz e tranquilidade. O protagonista de Tanaka-kun emula muitas dessas facetas que vivemos no dia a dia. Quantas vezes já deixamos de fazer algo justamente por abraçar nossa preguiça (a periodicidade do site do Portal Tanaka que o diga)? Ou quantas vezes não cedemos às nossas limitações só para não querer fazer algo? Muitos de nós em diferentes momentos ao longo de nossa existência já desejamos ser um simples “personagem secundário” na vida só para aproveitar a tranquilidade sem ter que se esforçar por algo ou propriamente nos esforçamos por nossa preguiça para não ter que fazer algo. São todas características que fazem parte intrínseca do ser humano e vai contra aquela ideia de personagem herói idealizado, sendo justamente uma representação de uma essência comum que encontramos nas pessoas. Uma essência que encontramos em qualquer um. Uma essência que encontramos em qualquer Tanaka.

Por ser esse oconcur da representação de um Tanaka, Tanaka, de Tanaka-kun Wa Itsumo Kedaruge, é sem dúvidas o melhor Tanaka de 2016!

Menções Honrosas

  • Asuka Tanaka (Hibike! Euphonium 2)
  • Tanaka Ryunosuke (Haikyuu!! Segunda e Terceira Temporadas)
  • Kinako Tanaka (Usakame/Teekyuu Sétima e Oitava Temporadas)
  • Saeko Tanaka (Haikyuu!! Segunda e Terceira Temporadas)
  • Tom Tanaka (Durarara!!x2 Ketsu)

Melhor Cena: Cena da praia (Kiznaiver)

Escrito por Igor Mendonça

Revelando um pouco dos bastidores do Awards: depois da categoria de melhor diretor, a categoria de cenas foi a mais debatida. E isso é bastante compreensível, pois tivemos momentos incríveis ao longo do ano: o arco de conclusão de conflito do Tsukishima, que termina em uma cena incrivelmente empolgante; uma mudança de paradigma para a trama de Re:Zero, que conseguiu dobrar mesmo um protagonista virtualmente inabalável; uma apresentação da peça de rakugo “Shinigami”, com uma conclusão de personagem e rimas temáticas brilhantes; e JoJo’s Bizarre Adventure, com seus diversos momentos criativa e extravagantemente marcantes. Isso só para citar alguns.

Mas se for para falar de uma cena que resume toda a série enquanto conclui lindamente um arco, culminando toda trama até ali em si, essa cena seria a cena da praia, que fecha o episódio 7 de Kiznaiver. O episódio em questão foca na Honoka Maki, que sempre negou as amizades que foram forçadas a ela, e que tem um passado que pesa em suas costas. A divisão do episódio consiste na Maki escondendo seus sentimentos enquanto lembra do passado e os demais personagens principais tentando tornar a amizade entre eles real, sendo que é a excelente execução desses dois pequenos núcleos que faz a cena vencedora funcionar tão bem.

Primeiro porque, bem, a cena conclui o melhor arco de personagem de toda a série, que é o arco de conflito da Maki. E faz isso principalmente através da singela e honesta relação dela com o Tsuguhito Yuta. Além disso, a cena usa de vários símbolos belamente construídos no episódio: quando a protagonista desse conflito tira o guarda-chuva de cima de si, é como se ela deixasse de lado o medo dela de passar por conflitos, de se relacionar e de se machucar por causa desses relacionamentos. Ela deixa a chuva cair nos olhos, reatando a personagem à relações interpessoais profundas. Também é nessa cena onde ela se permite ler o mangá que sua ex-paixão escreveu, mostrando que, por mais que algumas narrativas possam ser mais artificiais, outras podem ser a melhor forma de conectar sentimentos atemporalmente.

Assim, é nesse ponto onde a cena começa a se ligar fortemente à temática de toda a série, já que parte do comentário sobre sentimentos de Kiznaiver é uma sátira a narrativas que revelam medos e sentimentos profundos de personagens à força. Em particular, a cena da praia se destaca tematicamente por ser a primeira vez que a série apresenta uma solução ao problema levantado sobre relações forçadas e artificiais – e aqui entra o segundo núcleo do episódio -. Isso porque quando a Maki confronta os personagens a se jogarem no mar por ela, dizendo que assim eles seriam amigos, todos ali estavam desacreditados. Já tinham tentado todo o tipo de clichê sobre amizade possível, e tudo soava vazio e não levava a lugar algum. Assim, é a inversão de expectativa por parte do Yuta, que aceita o desafio e vai ao mar, que resolve o problema. A atitude do ex-gordinho, naquele momento, por mais que se encaixe em um clichê, não existe por causa do clichê em si, mas sim pelo sentimento que tem pela garota que o desafiou. E isso fica muito claro na animação, que mostra o personagem correndo de forma toda desengonçada, não se preocupando em preservar a sua imagem. Essa situação ganha mais peso quando o personagem em questão é o que mais luta por preservar a própria imagem. A honestidade que se apresenta na forma como ele acata ao desafio é o que faz com que seus sentimentos não sejam desperdiçados em uma tentativa fria de aproximação.

Então, por mais que tenham havido muitas cenas memoráveis ao longo do ano, essa foi a que mais representou a sua própria série em sua totalidade, aproveitou de todas as suas qualidades visuais, fechou um episódio em uma unidade perfeita e foi a primeira vez em que o tema da série se apresentou por completo. E é essa cena, a cena da praia do episódio 7 de Kiznaiver, que ganha o prêmio de melhor cena do ano no Tanaka Awards 2016.

Menções Honrosas

  • Bloqueio total do Tsukishima no Wakatoshi (Haikyuu!! Terceira Temporada, episódio 04)
  • Yuuri patinando a apresentação do Viktor (episódio 01 de Yuri!! on Ice)
  • Cenas finais da Kumiko e Asuka em Hibike Euphonium 2
  • Jotaro VS Kira (JoJo’s Bizarre Adventure: Diamond is Unbreakable,episódio 24)
  • Apresentação do Shinigami (Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, episódio 10)
  • Reigen vencendo a Garra no papo (Mob Psycho, episódio 12)
  • Fechamento do episódio 15 de Re:Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu

Anime Revelação: Kono Subarashii Sekai Ni Shukufuku Wo!

Escrito por Eduardo Eugênio

No final de 2015, quando estava saindo as primeiras imagens de Kono Subarashii Sekai Ni Shifuku Wo!, ninguém esperava nada dele. Afinal, tinha um visual extremamente genérico, uma staff com muitos trabalhos duvidosos, uma adaptação de uma Light Novel aleatória do saturado gênero “Isekai” e a cereja do bolo: iria ser produzido pelo até então infame estúdio Deen.

Era difícil alguém que não tenha lido o material original ter alguma expectativa para esse anime, porém, foi nos entregue algo completamente surpreendente. Uma comédia que parodia os jogos clássicos de RPG e suas convenções, apresentando personagens cativantes e com ótimas interações que geravam momentos hilários durante toda a série.

A consistência do character design e da animação podem ter vivido a má fama do estúdio Deen, mas a obra, em geral, foi a maior surpresa positiva que tivemos em todo o ano passado. Portanto merece ser considerada como o anime revelação de 2016.

Menções Honrosas

  • Kanojo to Kanojo no Neko: Everything Flows
  • Tanaka-kun Wa Itsumo Kedaruge
  • Tonkatsu DJ Agetarou
  • ReLIFE

Melhor Diretor: Shinichi Omata (Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu)

Escrito por Pedro Santos

Acredito para uma obra que trata sobre algum tipo de performance funcione, é preciso que haja um maior cuidado em sua forma. Talvez porque, quaisquer que sejam essas performances, é essencial que elas devam comunicar a história por si só, e isso só se alcança quando há um trabalho competente coma forma da mídia na qual a obra está inserida. No caso de Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, trata-se de um anime, uma mídia audiovisual. Assim, pode-se dizer que o diretor, Shinichi Omata (ou Mamoru Hatakeyama, outro pseudônimo dele), utiliza as ferramentas disponíveis de uma maneira muito autoral e eficiente ao retratar as performances de rakugo, bem como ao transpor a teatralidade e o lirismo destas à narrativa como um todo.

Omata, sendo um ex-profissional da Shaft e tendo trabalhando em séries como Arakawa Under the Bridge e Puella Magi Madoka Magica, herda parte dos experimentalismos tão característicos do estúdio, como a rápida e consistente edição e muitos close-ups nos rostos de personagens. Porém, pelo o que demonstrou em Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, ele só utiliza desses experimentalismos de maneira pontual na história, de maneira a criar uma narrativa ao mesmo tempo realista e lírica, características que caíram como uma luva para o tipo de história que Rakugo Shinjuu pretender contar.

Um dos pontos mais importantes da série e onde o diretor melhor demonstra seu talento são, claro, as apresentações de Rakugo. Mesmo que o anime não apresente uma das animações mais fluidas do ano, a direção de Omata soube compensar esse aspecto ao empregar uma edição precisa alinhada a um talentoso storyboard, de maneira a trazer uma condução consistente às performances e que, acima de tudo, comunicam muito sobre os personagens, seus conflitos e estilos somente pelo aspecto formal, não havendo a necessidade de recorrer a contínuas exposições. Isso, claro, quando as apresentações de alguns dos personagens são DE FATO ruins, havendo assim uma piora proposital nesses aspectos formais de maneira a comunicar essa falta de qualidade em algumas performances. Destaque a já icônica apresentação do rakugo “Shinigami” no episódio 10, realizada pelo Kikuhiko, na qual pontua um desenvolvimento importante para o personagem e para os temas da série, sendo tudo isso basicamente comunicado através do audiovisual.

Mas Omata não para aí: como eu disse anteriormente, ele transpõe essa teatralidade transmitidas pelo audiovisual das apresentações ao flashback de Kikuhiko como um todo, dando a parecer que o próprio passado do personagem é um rakugo por si só (e, acreditem, posteriormente esse aspecto ganha MUITO mais valor), tamanha a teatralidade presente em pontos chaves de sua história. A sua vida retratada no flashback é um teatro em si – não à toa, desde o começo temos noção que essa história é uma tragédia (gênero que nasceu justamente do teatro grego). Porém, a direção também soube inserir um tom realista à série, ao retratar diversos momentos dos relacionamentos de Kikuhiko de maneira orgânica e sutil. E, assim, a síntese gerada é a já citada narrativa realista e lírica do anime, elevando a própria forma desta primeira temporada em si a um outro nível.

Mesmo que em 2016 houve a presença de diversos diretores talentosos, desde o sempre excelente e experiente Hiroyuki Imaishi (Uchuu Patrol Luluco) até o novato e talentoso Hiroshi Kobayashi (Kiznaiver), é por todos essas qualidades da direção de Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu que Shinichi Omata recebe o prêmio de melhor diretor do Tanaka Awards 2016.

Menções Honrosas

  • Yuzuru Tachikawa (Mob Psycho 100)
  • Susumu Mitsunaka (Haikyuu!! Terceira Temporada)
  • Tatsuya Ishihara (Hibike! Euphonium 2)
  • Hiroyuki Imaishi (Uchuu Patrol Luluco)
  • Hiroshi Kobayashi (Kiznaiver)

Melhor Anime Adaptado: Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu

Escrito por Pedro Santos

Sendo honesto: este é o último texto que estou escrevendo para o Tanaka Awards, e já deve ser a milésima vez que estou falando de Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu por aqui, já que, além dele estar presente na lista dos 10 melhores de 2016 segundo o Portal Tanaka, a série também ganhou diversas premiações aqui no Tanaka Awards de 2016, como vocês devem perceber. Então, por mais que eu tenha escrito sobre o anime aqui, penso que nesses modelos de textos breves nunca conseguirei falar o tanto que essa série merece (e é por isso que temos um podcast discutindo a primeira temporada). Mas não custa falar mais um pouco de Rakugo Shinjuu de uma forma geral.

Pensando em termos de adaptação, já que o anime é adaptação de um mangá homônimo de autoria de Haruko Kumota e nesta categoria esse aspecto possui uma boa relevância, devo dizer que funciona muitíssimo bem. Não só por estabelecer uma unidade dramática e temática extremamente sólida sendo somente a primeira temporada de uma história maior, mas por também tornar toda a experiência sequencial da obra original de Kumota em algo verdadeiramente cinemático, especialmente nas performances de rakugo. Mesmo que a animação não seja a das mais expressivas, a excelente direção de Shinichi Omata compensa esses aspectos, comunicando muito da história através de elementos formais e de pequenos detalhes presente no ambiente.

Aliando essa eficiente execução a personagens absolutamente interessantes e tridimensionais, em especial o protagonista Kikuhiko, e a um hábil trabalho na inter-relações de temas em várias camadas, resulta-se em Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, não só o melhor anime adaptado de 2016, como também um dos melhores animes dos últimos anos.

Menções Honrosas

  • Mob Psycho 100
  • JoJo’s Bizarre Adventure Part 4: Diamond is Unbreakable
  • Haikyuu!! Segunda e Terceira Temporadas
  • Fune wo Amu
  • Hibike! Euphonium 2

Melhor Anime Original: Uchuu Patrol Luluco

Escrito por Igor Mendonça

É até difícil saber o que escrever, nesse momento. Tudo o que poderia ser dito sobre Uchuu Patrol Luluco foi dito aqui nesse prêmio e em um momento anterior, onde falamos sobre os melhores animes de 2016. Mas nunca é demais congratular Hiroyuki Imaishi por se superar mais uma vez.

Um anime lançado em um formato de pouco alcance, que é o de um short, feito para comemorar o aniversário de 5 anos do estúdio Trigger, consegue ser um pedaço da Trigger e um pedaço do Imaishi.
Toda a trama e a forma da série são tudo o que esses dois têm de melhor a oferecer, com uma execução dinâmica e volúvel, uma temática complexa envolta de uma camada de loucuras e um milhão de referências que não são só referências, mas que também agregam ao enredo e aos temas da série.

E tirando uma pequena barriga, tudo em Luluco é muito bom: seus personagens exagerados mas ainda carismáticos, sua animação cheia de identidade, seu character design super criativo e seus diversos dramas que falam como um só, quando a série termina.

Em suma, Luluco consegue ser Imaishi falando sobre Imaishi, mais do que Sex and Violence with Machspeed foi e sem perder em qualquer aspecto para outras obras do diretor, com uma consistência e unidade invejáveis. Portanto, é por isso que merece, e merece muito, o título de melhor anime original de 2016.

Menções Honrosas

  • Yuri!!! on Ice
  • Kiznaiver
  • Kanojo to Kanojo no Neko: Everything Flows
  • 91 Days
  • Flip Flappers

Melhor Estúdio: Bones

Escrito por Eduardo Eugênio

2016 foi um ano peculiar em relação a nossa visão de estúdios de animes, vimos a ascensão do infame studio Deen, que nesse ano produziu obras de excelente qualidade, como Kono Subarashii Sekai Ni Shifuku Wo! e Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu. Também vimos a tradicional Madhouse, após ter se recuperado em 2015 e até ter ganhando o prêmio de melhor estúdio aqui no Portal Tanaka, decair novamente, tendo um ano com obras no mínimo medíocres e com um valor de produção inferior. A Kyoto Animation foi literalmente um 8 ou 80, por um lado produziram a excelente sequência de Hibike Euphonium!, por outro produziram um pequeno desastre chamado Musaigen no Phantom World, que a única coisa que salva são seus visuais e animação muito acima da média.

Porém, de todos os estúdios o que mais se sobressaiu, ao meu ver, foi o estúdio Bones. Ao longo de 2016, o estúdio Bones produziu animes para diversos públicos. Tivemos romance com a segunda temporada de Akagame no Shirayuki-hime e algo mais Moe com Show by Rock!! Short!! e Show by Rock!! #. Mas no final das contas, o forte da Bones reside na ação, onde definitivamente brilhou esse ano. Mob Psycho 100, Boku no Hero Academia, Bungou Stray Dogs 1 e 2, Concrete Revolutio: Choujin Gensou – The Last Song, todas essa série mantiveram o padrão de qualidade que a Bones construiu através dos anos e alguns (Mob Psycho 100) até superaram todas as nossas expectativas para criar um dos espetáculos mais bem animados que um anime para TV já produziu.

Não vou dizer que todas as obras do estúdio Bones esse ano foram excelentes, acho até que algumas nem chegam a realmente serem boas. Mas todas certamente mantiveram a reputação de qualidade artística da Bones, principalmente se considerarmos o número relativamente grande de obras lançadas pelo estúdio em 2016, sempre produzindo obras que têm algo a oferecer (pelo menos aos nossos olhos) e não deixando estas chegarem a um nível de ofender o espectador.

Menções Honrosas

  • Deen
  • Trigger
  • Kyoto Animation

Personagem do Ano: Yakumo Yuurakutei (Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu)

Anime do Ano: Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu

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Opa, parece que houve um engano! Moonlight, vocês ganharam anime do ano. Não é piada.


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Nós escrevemos e fizemos podcast sobre alguns dos campeões:

Os dez melhores animes de 2016

Uchuu Patrol Luluco – Pode ser um novo FLCL?

Mob Psycho 100 e Yoshimichi Kameda

Tanaka Sentai 08: A comedia causal de Konosuba

Tanaka Sentai 10: Boku Dake ga Inai Machi

Tanaka Sentai 13: Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu

Tanaka Sentai 17: Temporada-de primavera de 2016: Saldo final

Tanaka Sentai 18: A simetria passional de Kiznaiver

3 Respostas para “Tanaka Awards 2016

  1. Muitos animes comentados aqui que eu ainda não assisti. Obrigado pelas indicações de certa forma. Assim como você, acho que Fune wo Amu deveria ser mais celebrado pelo ótimo anime que é. Mas também não podemos tirar o mérito de animes populares como BnH e Re:Zero

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